Com 3 minutos de jogo, já estava 1 a 0. Era Barcelona, o todo poderoso Barcelona, contra o Leganés, time minúsculo, pela primeira vez em sua história na primeira divisão espanhola, pela primeira vez jogando no Camp Nou.
4 a 0? 5 a 0? 6 a 0? Qual seria o resultado final da partida?
Pois é. Foi 2 a 1. Com um gol de pênalti de Messi aos 44min do segundo tempo.
Pênalti em Neymar, que jogou bem o tempo inteiro.
No Camp Nou, o Barcelona já havia perdido para o Alavés e empatado com o Málaga na temporada. Não havia conseguido superar os rivais Real e Atlético de Madri. Já são 9 pontos perdidos em casa. O Barça escapou de serem mais, mas não escapou das justas (e raras) vaias.
Seria surreal um tropeço neste domingo, porque o jogo era contra um debutante em péssima fase. Apenas dois pontos acima da zona de rebaixamento, sem vencer uma partida sequer desde novembro, o pior ataque do campeonato, que havia passado cinco dos últimos seis jogos sem fazer um golzinho.
Se o Barça não ganhasse do Leganés, ia ganhar de quem?
Tudo isso apenas cinco dias depois da humilhação de Paris, a derrota por 4 a 0 para o PSG que deixou o Barcelona praticamente eliminado nas oitavas de final da Champions League – fato que não acontece desde 2007.
O Barça começou o jogo com raiva. Querendo dar uma resposta após a goleada de terça-feira. Fez 1 a 0, martelou, realmente parecia que chegaria à goleada. Mas foi perdendo velocidade, ímpeto, caindo de novo na dinâmica de jogo que não encanta ninguém.
Mais do que falta de vontade, o Barcelona sofre de falta de jogo.
Neste domingo, Messi, Suárez e Neymar fizeram uma partida para lá de digna. Todos tentaram, participaram, se movimentaram. Mas jogam sozinhos. Os adversários sabem disso, dobram ou triplicam a marcação nos atacantes e deixam os meias e laterais livres.
Sergi Roberto definitivamente não é a resposta à sentida ausência de Daniel Alves. Foi ele, aliás, que perdeu uma bola boba, que acabaria no empate do Leganés – antes disso, diga-se a verdade, o Leganés já havia criado três boas chances em contra ataques. E ainda teve uma bola raspando a trave nos acréscimos.
Digne, o francês que jogou pela esquerda, fez uma má partida. Não ajudou Neymar em nada. André Gomes é um meio campista fraco e está virando o símbolo desta fase de futebol medonho do clube. É o rosto da crise.
Iniesta e Busquets fazem muita falta. Como também fazem Mascherano e Piqué. Como faz Rakitic (jogou, mas por onde andará aquele Rakicitc?). O Barcelona não consegue sair com a bola. Não há fluxo de jogo, triangulação, diagonais. O meio de campo culé não cria nada, apenas entrega a bola aos atacantes com uma mensagem de papel: ''se vire aí''.
Luís Enrique foi massacrado ao longo da semana, até porque deu uma resposta extremamente grosseira a um repórter catalão após a goleada em Paris. Será mais uma semana tensa e de especulações. O técnico só tem contrato até o final da temporada e vai parecendo cada vez mais claro que não continuará. Quando isso fica claro, sobra tentar adivinhar quem chegará para seu lugar.
Quem tem Messi, Suárez e Neymar no time, nenhum deles machucado, precisa fazer algo melhor do que Luís Enrique vem fazendo.
O Barcelona está virtualmente eliminado da Champions. Na Liga espanhola, está um ponto atrás do Real Madrid – mas podem ser sete, porque o Real tem dois jogos a menos, e o duelo entre eles no segundo turno será em Madri. Sobra a Copa do Rei, com final contra o também pequenino Alavés.
Se a final fosse domingo que vem, capaz que desse Alavés. Mas domingo que vem o Barcelona tem que ir a Madri enfrentar o Atlético. Só isso.
O pênalti sofrido por Neymar, em uma jogada individual e nada coletiva, salvou o Barcelona de um tropeço surreal.
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